A Casa

Quero hoje falar de casa. Da nossa casa. Uma casa que não montei, não mobiliei. Cheguei e ela já estava pronta. Pronta pra me receber. E recebeu bem. E eu me sinto bem. Muito bem. Tenho a nítida certeza que estou em casa. Desde o primeiro dia. Nunca foi diferente. Nunca senti que era visita aqui. Mas claro, já estou dando um pouco da minha cara. Dando cores. Pondo fotos nossas e da minha família por todo lado. Assim, a sensação de pertença aumenta e eu sempre vejo os que amo. É uma casa simples. Pequena. Linda! Agradável de estar. Eu não reclamo. Passo o dia inteiro aqui dentro. Saio às vezes para dar um passeio ou fazer compras. A casa me acolhe bem e fico bem aqui. Gosto da mesa grande. Gosto dos sofás acolchoados e grandes. São dois. Um pra cada. Já o nosso quarto é sagrado. Gosto das cores. Gosto da energia. Me sinto bem. O quarto de visitas ainda estamos arrumando. Queremos receber bem nossos amigos e familiares. Vai ficar bonito. Pena que por pouco tempo, pois já já teremos que transformá-lo no quarto do nenê.
Caminho pela casa com a sensação de que ela já me pertence faz tempo. De que há muito eu a rondo. Minha intimidade com a casa, no início, até me assustou. Vai ver que tem a ver com a minha entrega. O meu desejo de estar aqui. Sei lá! Mas ela é minha. A casa tem a nossa cara. A cara da alegria. Do riso. Da brincadeira. Do sonho realizado. Aqui rimos muito. Cuidamos muito da casa e de nós.
Mas no fundo mesmo, eu quero uma casa no campo... E meu marido... na praia... lá no meu Cearazim...

Fotos: HG, 2010 e PA, 2009.